Digital Age 2.0: Quem paga pelo conteúdo online?
Direto de IDG NOW!
Debate entre especialistas discutiu uma das principais questões da mídia atual: como manter conteúdo relevante na ‘Era do Grátis’.
Quem paga pelo conteúdo na web 2.0? Essa foi uma das principais discussões durante o 2º dia do Digital Age 2.0. O assunto foi pauta em um painel que reuniu Eduardo Aspesi, VP de Mercado Nacional do Grupo RBS, Fernando Alphen, diretor da agência F/Nazca, Suzana Singer, ombusdman da Folha de São Paulo, Rodrigo Velloso, diretor de desenvolvimento de negócios do Google para América Latina e Michel Lent, gerente geral da agência Ogilvy Interactive, com moderação de Silvia Bassi, publisher da Now!Digital Business.
O discussão começou com a grande questão da mídia atual: como sustentar a produção de conteúdo de qualidade na internet, uma mídia em que a absoluta maioria dos consumidores está acostumada a pagar nada?
Suzana Singer defendeu o valor da mídia tradicional. “Notícia bem-apurada, bem-feita, ainda é um produto muito caro”, disse a ombudsman. Para ela, a existência de jornalismo independente, com equipes que tenham tempo e verba para longas apurações, é fundamental para a democracia. O modelo atual, que privilegia a audiência em troca de publicidade, não é bom no longo prazo para o jornalismo. “O sensacionalismo atrai cliques, mas não é relevante”, argumentou.
Já para Lent, as grandes corporações estão sob séria ameaça. Ele acredita que há preocupação demais com o conteúdo, e pouco com os produtos, que deveriam ser o foco das organizações de mídia. “O melhor modelo de negócios é o mais simples: crie coisas incríveis, relevantes”, disse. Ele apontou como exemplos os casos do Google, Firefox e Apple, que brilharam pela qualidade de suas criações, mais do que pelos investimentos em marketing.
Aspesi, da RBS, acredita que o problema também passa pela distribuição do conteúdo. “Temos de estar onde as pessoas querem, seja no mobile, portais jovens, blogs, onde for”, disse.
Pessimista, Alphen acredita que o momento é de transição – para pior. Ele mencionou pesquisas apontando que, entre o público mais jovem (até 15 anos), as principais fontes de informação são mecanismos de busca (principalmente o Google, claro), Orkut, Twitter e até o YouTube – enquanto os veículos tradicionais respondem por apenas 5%. “É uma questão de mudar as cabeças”, disse.
Ele acredita, inclusive, que a própria forma de consumir informações por meio da palavra escrita está em extinção. “Hoje a mídia é muito mais audiovisual”. De fato, pesquisas divulgadas no Digital Age mostram que o vídeo online é uma das preferências dos brasileiros.
Velloso, do Google, foi por outro caminho. “O que existe hoje é uma disputa de tempo – as pessoas gastam 25 minutos no jornal impresso, e apenas 70 segundos no site da publicação”, comentou. Para ele, o foco de replicar o conteúdo offline no online é errado, e não cria engajamento nos leitores. “O que as empresas precisam fazer é cortar os custos – elas não podem gastar tanto”, defendeu.
Ele também defendeu a gigante de buscas, apontada por muitos como uma das vilãs da crise nas mídias tradionais. “O Google só ajudou a internet”, disse. Segundo ele, uma enorme quantidade de sites de notícia passou a receber ou teve seu tráfego aumentado por conta de serviços como o agregador Google News. Diante da ameaça de alguns veículos de restringir o acesso do mecanismo de busca ao seu noticiário, ele argumentou que isso “não resolveria o problema – o importante é gerar conteúdo relevante”.
Publicar informações diferenciadas também foi uma necessidade apontada por Suzana. “Os jornais ainda não conseguiram gerar no online um conteúdo tão melhor a ponto de convencer os leitores”, disse.
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